Parecendo que o dia principiava uma ponta de nostalgia, mas já era um outro alguém chegando.
A voz não tava clara, pressentimentos são confusos como violão que desconhece a melodia.
Era como se precisasse elaborar antes de tudo, o sentimento que ela ia trazer, aquela voz.
Então, ela determinou com a convicção de alguém que quer parar de beber, de sofrer, de fumar, de comer carne ou de qualquer coisa que incomode de algum jeito, que seria apenas saudável e recíproco.
Tava cansada dos olhos afogados na ausência de um perfume ou de uma espécie de lirismo estúpido, como sempre.
(Percebeu o final do sufoco na mudança do foco).
O que o dia queria dela, trazendo as cores do olhar do passado?
Não queria mais aquilo.
Tava cansada.
Ficou lembrando cenas que nem quis contar porque deu raiva.
Que se assim o fim, melhor que assim o fosse.
Mas sabia mesmo é que o verde que viria, reflorestaria aqueles olhos de imensas esperanças.
Achou boa a sensação que a imagem trouxe e guardou num gesto: fez um movimento de mãos no ar e trouxe pro peito.
Sorriu e calou. (E os olhos permeados do mistério bom).
Subitamente, a sensação de chegada de um outro alguém já era presença.
Foi custoso pra ela entender o que uma pessoa podia trazer de novidade e poesia
só por sorrir daquele jeito de quem se entrega à risada.
Tinha bonitezas demais naquele interesse dele: arregalava o corpo pra ouvir a frase que ela dizia,
sem precisar escolher o tema_ era só elogiar o céu ou o mar, ou a cor dos dois.
(E, na soberania dessa simplicidade, a coisa toda se deu.)
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