"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Por Faah Bastos -Trecho do livro Indomável



Ando tropeçando em minhas botas batidas, sujas da lama que tenho chutado toda vez que chove em minha terra. Tenho perdido um pouco de mim a cada segundo que me perco pensando em como a vida é efêmera, mas continuo aqui parada, sem fazer revolução dentro de mim. Tenho me cansado mais das poesias, afastado a boa música e escondido as cartas de amor. Manter-me fria, insólita, tem me auxiliado a cumprir minha rotina sem surpresas, sem pensamentos tolos que me façam ter a certeza que seria melhor se fosse com você. Meus pés não cabem mais nos sapatos velhos que serviam como proteção nas jornadas cumpridas que ousávamos fazer; não uso mais aquele vestido que você tanto gostava, porque aquilo não era eu. Cansei, por fim, de tentar ser a melhor parte da sua vida, de mudar constantemente apenas para lhe agradar, ser o que você tanto precisava, mas, meu bem, você queria tão pouco, que me reduzia a ser quase nada. Não mais usarei as cores que não me definem, se meu preto e cinza não lhe agradam, suas cores vivas não me satisfazem – sejamos, no mínimo, francos quanto a isso. Eu passei tempo demais tentando ser o que não era, sofrendo mutação dos meus sonhos, segredos e até desejos, para me tornar a perfeita parte que se encaixaria em sua vida. gritando, você sempre me olhava, mas nunca me via; não enxergava quem eu realmente sou, somente se perdia nas curvas similares a qualquer garota, e não encontrava a minha alma  solenemente que eu estava ali por você, me transformando.
Afastei-me do meu mundo, isolei-me em segredo, e achei que suportaria esse teatro, ser tão parecida com todas, mas diferente para você. Eu não sentia mais o vento afagar meu rosto, tudo era violento, petrificante, sem sentido. Buscar carinhos de mãos que não me encontravam, não sabiam me tocar. Eu era falha, não vou discordar, mas eu estava viva – pelo menos em partes. Eu me perdia, meu bem, tentando me transformar. Esqueci a minha essência em um diário rabiscado, que usava para dissecar meu amor por você. Mas perdoe-me se não consigo mais suportar duas de mim ocupando o mesmo corpo, dividindo vida, ar e coração. Cansei-me dessa história que deveria ser de nós dois, porém resumia-me apenas em ser quem não sou e jamais serei. Sinto muito por não ser a parte que lhe trará aconchego, que cuidará dos seus medos, ou dirá que tudo ficará bem. Prefiro perder você, mais uma vez, a me perder. Espero que entenda que amor é para se encontrar, não se perder. Eu deveria ter me achado em você, não me perdido para lhe encontrar.Suas migalhas isoladas de amor, não me satisfazem mais.   


Coleciono fracassos ...






"Coleciono fracassos, alguns inesperados, outros previstos. Adormecemos com a culpa de sermos tão ingênuos e com questionamentos do tipo: "como eu não previ isso?" - torturamos a a nós mesmos com muitas perguntas, e talvez (e só dessa vez) tenhamos mais respostas do que as interrogações insistem. O precioso é isso na maturidade: admitir as culpas, mas não deixar que elas se apoderem sobre nós. Começamos a perceber o quanto todos os erros e falhas foram nos lapidando para que silenciosamente a brutalidade em nós fosse esmorecendo. 

Há algo maravilhoso em transformar desertos em fontes, porque sem perceber, podemos dar água antes que se instaure a sede - se é que me entendem. Esse vazio em nós, acumulado pela auto-punição de não estamos sendo perfeitos, é um bom presságio: um pouco de futuro nos mostra a importância do passado."


Cáh Morandi




quinta-feira, 2 de outubro de 2014



- Sabes?! Já tens tanto de mim em ti, que não é por ti, que espero.
- É de mim, que estou à espera.

__ Luís Santos __






Eu machuquei a mim mesmo hoje
Para ver se ainda sinto