"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








sexta-feira, 15 de junho de 2012






"Eu espero pelo dia em que a tecnologia transforme pensamentos em coisas imediatamente viáveis e que numa espécie de mágica as distâncias se encurtem, que as doenças terminais sejam curadas ou que simplesmente a gente possa fechar os olhos e, num átimo de segundo, estar abraçado a quem se deseja ou dançando de olhos fechados naquele lugar tão nosso onde foram tecidas as histórias mais especiais. Espero que a palavra sempre me faça companhia como uma pessoa que conversa e ouve e retruca e silencia e desdiz o próprio eco do que proferi.


Espero que a gente transforme a própria vida mudando as vírgulas do texto, encontrando sinônimos mais adequados e adjetivos tão positivos que nos façam enxergar que somos uma explosão luminosa de cores e brilho. Espero que os olhos cintilem e espelhem cristalinamente de tal forma, que a nossa imagem refletida no Outro seja clara e consciente de que a projetamos e a gente saiba a hora exata de consertar o sorriso. Espero que as mudanças sejam aceitas com gratidão e, que por serem inevitáveis, sejam eficazes. Que movimentos sejam feitos para melhorarmos ao redor além de dentro. Espero pelo bom ouvinte, pelo meu bom ouvido, pela expressão de confiança que desata o nó do medo e acalma e acalenta.


Espero que meus olhos sejam cumplicidade para um desconhecido que olhei de relance por aí quando o mesmo precisar que alguém segure a sua mão. E que a minha vida seja um exemplo de fluidez e totalidade, além de uma vitória sobre a batalha contra qualquer espécie de preconceito que, secretamente talvez, eu ainda esteja cultivando contra mim, contra o Outro.


Espero que a vontade de me comunicar seja o próprio motivo para vir aqui e escrever: numa esperança de tocar, numa despretensão de tocar, numa transparência de dizer pelo simples fato de tentar e, às vezes, conseguir fazê-lo. Porque quem vive uma história de amor irremediável com a palavra e aprendeu a relatar dias, dores, orgasmos, saudades e angústias, não tem espaço suficiente dentro de si para trancafiar isto... E nem deve."




Marla de Queiroz





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