"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








sexta-feira, 9 de março de 2012




Incontáveis são os eus que nos habitam.
Diferentes os meus dos teus,
mesmo não os podendo comparar,
porque, tal como tu, por dentro não me vejo.

Vejo-te quando te imagino ou sinto,
mas desconheço qual de mim te vê.
Não sei qual de ti me imagina e sente,
nem sei qual de mim tu vês.

Se eu chamar de alma
àquilo que em nós imagina e sente,
as almas que temos são muitas.
Tantas almas quantos os eus,
que lutam entre si continuamente
para monopolizarem o imaginar e o sentir.

Quando nos tocarmos, vamos contar
quantas das nossas almas se beijam
e, só então, saberemos se é
com amor que os nossos eus se entrelaçam.

Nilson Barcelli

2 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Não me tinha apercebido (ou esqueci-me) que tinhas publicado este poema meu.
Obrigado, gostei que tivesses gostado dele.
Sempre que quiseres publicar coisas minhas, fica à vontade. Mas lembra-me...
Um beijo, querida Kelly.

Kelly disse...

Nilson,

Fiquei encantada com este seu poema.
Lembro-me que me identifiquei com ele de maneira única.

Que bom que gostou.
Obrigada!

Beijo