"No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração. "

Rabindranath Tagore








quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Improviso - Nei Duclós

De repente, ficamos sem assunto. Foi uma espécie de tontura do amor.
Ela voltou, mas com reservas. Estou em observação. Preciso evitar o improviso.
Fui-me embora da conversa. Não tinha mais o que dizer. Passou da hora de agarrá-la.

Delícia, que palavra bonita. Assim como doçura. Um abuso.

Bem no ponto, onde há o toque. Mesmo que não toque de fato, apenas chegue.



Uma floresta se insurge e estende as ramas por toda a cama no momento
 em que existe o esplendor da trama por muito tempo tecida.
Só em dizer já fico sereno. Tua respiração me aguarda, suspensa.
 Tenho um som grave de trilhos ainda mudos. Preciso do teu vento no sino.
Foi me aproximar para ela fugir. Tem medo que eu fale o que não devo.
 Mas amor é segredo que nenhuma voz atende.
Dê um tempo. Meu sonho cabe nele inteiro.
Não te entendo. Teu palavrão não cabe em tuas virtudes.
Talvez sejam meus ouvidos, reinados em confessionários. 
Ou então és pagã e só comigo és santa.
Não me fale em Deus se tens curvas, disse o ermitão em seu atraso.
Ela faz o contrário, para te manter no azeite quente. Te frita e depois te põe a secar.
Voltei no tempo. Vinhas avançando, mas não me viste. Foi rápido demais, não deu tempo. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Sublime tuas palavras...Parabéns querida!

Anônimo disse...

Maravilhoso!